27.01.12
Fonte: Gazeta do Povo
A primeira Bicicletada de Curitiba em 2012 pedalou 20 quilômetros para uma
vistoria na ciclofaixa da Marechal Floriano. No trajeto, os ciclistas
enfrentaram três momentos de conflito; todos eles envolvendo ônibus do sistema
público de transporte.
A situação reflete a realidade enfrentada no dia a
dia de quem usa a bicicleta como meio de transporte – e ajuda a explicar
fatalidades como a quevitimou o ciclista Edimar Nascimento,
há exatamente uma semana.
O
caso mais grave ocorreu justamente no trecho mais estreito da ciclofaixa, em
que a largura da área útil (faixa vermelha) varia entre 73 centímetros e 75
centímetros.
Um
caminhão estava estacionado em fila dupla, fazendo a manutenção da fiação
elétrica. Neste momento, um motorista do Ligeirinho não quis saber de esperar,
invadiu a ciclofaixa com duas rodas e tocou o veículo de 10 toneladas sobre os
ciclistas, que trafegavam em fila indiana.
"Tenho que cumprir meu horário”, justificou o
motorista da linha Boqueirão Centro Cívico -- veículo EL 300 placa AUL-6039 -- , quando questionado por um dos ciclistas, que
pedia calma e paciência. A frase é reveladora e mostra que não basta apenas
mirar no motorista -- que sim, é um mentecapto – mas é também o elo mais frágil
de um sistema alimentado por uma lógica perversa.
A
questão toda começa com a própria estrutura do sistema de transporte
curitibano, que penaliza o elo mais fraco – e mais ignorante – e terceiriza a
responsabilidade por falhas de planejamento e gestão.
Penalizar
o motorista em seu salário por atrasos é um estímulo à agressividade no
trânsito e a uma disputa por espaço que acaba justificando sinais vermelhos
furados ou transitar em velocidade acima da máxima permitida.
Problemas
de atraso se resolvem com mais ônibus circulando nas principais linhas. O mesmo
vale para reduzir filas e ônibus lotados.
A
situação só se agrava com a total falta de preparo desse pessoal. Motoristas de
ônibus devem ter a completa noção de que transportam vidas e de que transporte
público é parte do trânsito. Entretanto, os motoristas profissionais – que
deveriam ser exemplos de civilidade – são na verdade uma ameaça ambulante.
Faz-se
urgente uma requalificação desses profissionais – com cursos e palestras.
Algumas delas com foco especial na bicicleta que, sim, ao contrário do que
muitos motoristas pensam, também fazem parte do trânsito.
O
desconto do salário é uma medida punitiva legítima e eficaz apenas quando
houver o descumprimento da legislação de trânsito – o que inclui jogar um
ônibus sobre dezenas de ciclistas que trafegam sobre uma ciclofaixa.
A
questão só será resolvida com reforço nas áreas de educação, fiscalização e
punição. Apenas em uma sociedade onde impera a barbárie é que alguns segundos
justificam a perda de vidas humanas.
Vistoria da Ciclofaixa
Não
vou me estender muito na questão. A vistoria na ciclofaixa da Marechal pela
Bicicletada provou que este blog estava errado. Ao contrário do informado, a
largura mínima verificada no local não é de 75 centímetros. É, sim, de 73 cm –
medido e constatado pelos ciclistas com fitas métricas e trenas.
A
experiência da Bicicletada provou que a via é sim insegura e muito estreita–
opinião de 10 em cada 10 ciclistas que estiveram no local. Provou também que
não basta apenas controlar a velocidade lindeira (o que também é necessário).
Para evitar acidentes graves no local, será preciso, sim, refazer a obra já executada,
implantando uma faixa de, pelo menos, 1 metro de largura de área útil.
Montanhoso, Subindo Montanhas e Conquistando Amizades
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